No dia 05 de junho se comemora o 50º aniversário do Dia Mundial do Meio Ambiente. Será que temos o que celebrar?
Será que temos o que nos orgulhar? O que contribuímos para modificar o ambiente que vivemos?
Não há dúvida de que vivemos em uma sociedade antropocêntrica que, resumidamente, parte da visão de que o homem é o centro de interesse, portanto, tudo e todos são instrumentos para a satisfação do seu interesse, o que justificaria, em última ratio, utilizar o meio ambiente (fauna e flora, por exemplo) como meio para alcançar a plenitude da satisfação e felicidade.
Há diversas razões para que a humanidade tenha adotado a visão antropocêntrica, tais como decorrente da criação (Genesis) e da religião (teocentrismo), dentre outras fontes.
A Humanidade se encontra no século XXI e não demos um passo em direção a valorização da vida, colocando-a como foco de interesse e proteção (biocentrismo) ou, ainda, caminhar para a visão ecocentrista, a qual o meio ambiente vale por si, não se sujeitando a valoração como meio para que o homem sobreviva.
Forçoso reconhecer que não temos o que celebrar, muito menos de nos orgulhar, o que já deduzimos que de alguma forma contribuímos para modificar o meio ambiente.
Não é dedução, mas sim estudo cientifico de que o ser humano contribui para a modificação do meio ambiente, mas não é só, a presença humana e a sua influência é considerada como a inauguração de uma nova etapa ou época geológica, a semelhança da era glacial.
Para esta nova época geológica tem se denominado de Antropoceno, expressão popularizada por Paul Crutzen, químico vencedor do Prêmio Nobel.
Antropoceno é o período inaugurado pela atividade humana na exploração dos recursos naturais que deu causa a alteração estrutural do meio ambiente, de tal forma que acabou por inaugurar uma nova era geológica por volta do Século XVII, época em que a atividade humana intensifica o impacto negativo no Planeta Terra, principalmente com o desenvolvimento do motor a valor (há entendimento de que é consequência da Revolução Industrial, como também se fixa o início com a revolução da agricultura, que data de mais de oito mil anos).
A modificação do Planeta Terra por influência da atividade e exploração humana perdura até os nossos dias. Discute-se o termo inicial do impacto, mas não há um termo final, pois a tecnologia e a ciência desenvolvidas no século passado tiveram e tem efeitos deletérios no meio ambiente.
A Humanidade enfrentou no século XX a guerra de 1914-1918 e a guerra de 1939-1945, sem contarmos com a guerra da Coréia e a guerra do Vietnã, com largo uso de agentes químicos e bombas nucleares (inclusive com testes de bombas atômicas em arquipélagos e no continente americano), sem exemplificarmos com outras ações degradantes.
Não há como negar que a presença do homem na busca da satisfação dos seus interesses, em perfeita visão antropocêntrica, caso não seja a causa primeira, com certeza contribui para a formação continua da nova era geológica denominada de Antropoceno.
Portanto, a pergunta que paira é: O que podemos fazer para minimizar a degradação do Planeta Terra?
Autor: Dr. Alexandre Giordani
OAB/RS 45.460
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